BaianaSystem atualiza tradições em novo show: 'A raiz tem um grande poder' 4p4t3h
Grupo conecta os álbuns O Futuro Não Demora (2019) e O Mundo Dá Voltas (2025) no espetáculo "Lundu Rock Show", que a pelo João Rock e pela Oceania 25h45
O mundo dá voltas. E no caso do BaianaSystem, essas voltas fecham ciclos, conectam influências e desenham novos caminhos. Após um mergulho que olha para as forças interiores e exteriores em O Futuro Não Demora (2019), o grupo continuou a navegar no recém-lançado O Mundo Dá Voltas, disponível desde janeiro de 2025. 68545o
"A continuidade é muito importante para a gente. E esse disco tem um entendimento mais maduro da produção musical, do que a gente quer falar para o público. Do que estamos escrevendo nessa caverna do mundo, falando para quando a gente não estiver mais aqui", diz o vocalista Russo apusso à Rolling Stone Brasil.
O grupo ainda está compreendendo o significado exato desse processo. Mas, enquanto O Futuro Não Demora traz com destaque as ideias de tempo, O Mundo Dá Voltas fala sobre lugares, pessoas e linguagens. E a coletividade que marca o BaianaSystem fica em evidência.
Essa interligação deu origem ao "Lundu Rock Show", que a pelo festival João Rock neste sábado, 14, faz uma parada inédita na Oceania e retorna para o Festival Sensacional no dia 28. Para o espetáculo, o grupo prepara uma apresentação vibrante, que combina todas as expressões artísticas características do BaianaSystem.
"É um show com as experiências do afro-rock, da música baiana, mas, acima de tudo, que vai ter performances diferentes nessa nova caminhada. Tem surpresas muito boas das cinco pontas de experiências que o Baiana traz: dança, poesia e rima, o rock que representa a música nesse processo, a relação com o audiovisual e a simbologia com as máscaras, que adentram o público também. O público é parte do show."
Com raízes na música afro baiana e nas manifestações populares de rua, o show recém-estreado conduz ao palco um BaianaSystem em sua expressão mais catártica, que equilibra o rock com o Lundu, primeira permissão da música africana no Brasil. O espetáculo é mais um exemplo da mistura que caracterizou a banda desde o início com a união entre a guitarra baiana e o sound system. Porém, "Lundu Rock Show" é mais que uma simples combinação de ritmos.
É uma forma de mostrar que a raiz tem um grande poder. A nossa ideia é sempre ressaltar o valor ancestral. A gente acredita nessa ancestralidade futurística. É um ado que o futuro ainda não alcançou. A fusão vem para valorizar a raiz. Em tempos de imediaticidade, muita tecnologia e redes sociais, a gente se utiliza da fusão do que as pessoas têm mais o para valorizar aquilo que muitas vezes elas não dão atenção ou não têm o."
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Essa é uma viagem navegada em conjunto. O espetáculo conta com Elivan Conceição, que assume personagens como Saci e Capim-Guiné, levando para o palco a força dança de rua aliada à dança contemporânea da Bahia. O "Lundu Rock Show" reforça a importância da estética artística e visual do BaianaSystem, concebida por Filipe Cartaxo. Nas artes visuais e projeções do espetáculo, ele tem a colaboração de Cau Gomez, cartunista, e Core, artista visual baiano que tem um trabalho importante nas ruas de Salvador.
Chegam também o brilho e a força do naipe de sopro, o baterista Jean Michell, que abre possibilidades na seção rítmica, e uma presença ainda mais forte da guitarra baiana com Agatha Clarissa, instrumentista representante da nova geração que tem em sua história pessoal uma ligação muito forte com esse instrumento tão emblemático para nossa cultura. Esta formação musical estará presente nos shows em solo brasileiro.
Para a agenda inédita na Oceania, a caravana segue com Russo apusso (vocal), Roberto Barreto (guitarra baiana), Sekobass (baixo e synth), Claudia Manzo (vocal), Ubiratan Marques (teclados), João Meirelles (bases e eletrônicos), Junix 11 (guitarra), Ícaro Sá (percussão), Elivan Conceição (dança) e Filipe Cartaxo (artes audiovisuais).
Com shows na Austrália e na Nova Zelândia, essa volta ao mundo é também uma oportunidade de novas conexões e de mostrar que o Brasil bebe de fontes que vêm do mundo todo. "As relações com as máscaras, com a arte tribal, isso tudo vai se misturar e a gente está ávido, morrendo de vontade de aprender com esse tipo de expressão. Estamos pesquisando, entendendo como isso vai funcionar. a pelo material e pelo imaterial."
Por fim, o "Lundu Rock Show" também reforça que música e comportamento andam lado a lado. Para o BaianaSystem, a relação está além de nomenclaturas de gêneros e ritmos; é mais sobre emoção, sentimento e sobre naturalizar as diferenças.
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